Vídeo
Ficha técnica:
Direção - Ana Júlia Ribeiro e Marcello Rangel Edição - Ana Júlia Ribeiro Roteiro - Ana Júlia Ribeiro, Juliano Holanda e Marcello Rangel Fácil melodia (Juliano Holanda | Marcello Rangel)
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Será que você Já não existia? Ou saiu agora Plena luz do dia? Um jeito de ser Fácil melodia, Que algum furacão qualquer Assoviaria. Quando eu vi, já tinha ido E eu fiquei aqui partido, Feito alguém cortado ao meio Sem nunca ter sido Ou alguém que passa por si Desapercebido


Essa música fala da necessidade de fluir. Colocar nossas utopias e sonhos na lancheira e remar em frente. A impermanência e resiliência da vida, não apenas humana, sempre nos ensinou a não temermos mudar com as mudanças. Nesse clipe, eu e Marcello, reunimos nossos arquivos e memórias vivas, do antes e do atual durante a pandemia. Um verdadeiro compilado das nossas poesias visuais. Em meio ao recolhimento, transbordamos nossas urgências poéticas, traduzindo em arte terapia as urgências do sentir. Fizemos tudo com muito carinho e zelo. Fizemos tudo com imagens de celular e editamos boa parte nele também. A ferramenta é perigosa e poderosa... a depender de como se usa e de quem está no controle (como quase tudo no mundo). E assim como tudo, trata-se de um trabalho em construção, pois acreditamos que criar é um bicho com asas, que lança sua história no próprio voo. Que esse video encontre novo sentido em cada galho que se faça pouso.
Direção Ana Júlia Ribeiro e Marcello Rangel
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Deixa acabar Deixe seu velho mundo morrer Pode até contemplar Ele vai renascer Com ou sem você A vida não tem pressa Termine o seu haicai E quem aqui tropeça A gravidade atrai O abismo se arremessa Ninguém pode conter O avesso e vice-versa Não sabem o que dizer Deixa acabar Deixe seu velho mundo morrer Pode até contemplar Ele vai renascer Com ou sem você Na boca do astrolábio Nas línguas de Babel A construção do mundo (ruiu) Girando em carrossel Tá mais pra fundo falso Um pouco demodê Todos no “show de Truman” Com máscara de crochê Então respire e sinta: O alvorecer ensina Que o rio que rege a vida Recomeça no exato instante que termina Deixa acabar Deixe seu velho mundo morrer Pode até contemplar Ele vai renascer Com ou sem você

Como nos ensina Boaventura de Sousa Santos, direitos humanos são uma dentre várias narrativas da dignidade humana, há outras formas de compreensão para além desse direito humano à propriedade e à liberdade de comércio que imperam como se fossem um consenso universal.
É urgente uma tradução intercultural, em que cada coletividade possa construir ativamente sua realidade, em que importa muito mais o conteúdo do que a forma de expressar direitos. O ativista dos direitos humanos, Joaquim Herrera Flores, gentilmente ensina que direitos humanos são processos que inauguram espaços de luta pela dignidade humana. Eles transcendem pela sua transversalidade à dimensão narrativa, são processos abertos, dinâmicos e plurais. Não é algo dado senão uma contínua construção.
Se escrevo agora é porque tenho a fome saciada, o privilégio de poder falar e um lugar tranquilo para sossegar. Ter um teto como ponto de partida para sua jornada de vida, para conexão com o território e com a comunidade é o mínimo de dignidade que de fato deve ter universalidade
Desde que cruzei o universo do direito, entendi um pouco mais o abismo do acesso à moradia na cidade onde cresci e a repetição desse modelo no mundo inteiro. Na realidade prática, o patrimônio urbano no Brasil é majoritariamente o patrimônio popular. É preciso olhar para as dores e amores dos moradores e compreender a complexidade de reprodução dessas vidas.
Esse vídeo foi feito como conclusão do curso “Direito à Cidade e ODS” oferecido pelo Instituto Polis. Com o poema nas mãos, eu e Marcello fomos gravar imagens e ele emprestou a música que da nova vida ao texto. Espero que esse video seja mensagem aberta para novos diálogos e perspectivas.